O Governo Wilma que se iniciara em 2003, chegava ao seu último ano de 2010. Durante sua gestão acontecera muita coisa para a categoria médica. O plano de cargos e carreira dos profissionais de saúde do Estado levará a uma mobilização histórica em 2006-2007 que conduzira aos fundamentos de uma carreira individualizada para a categoria médica. Um segundo movimento, entre 2008 e 2009, consolidara a organização da categoria e arrancara do ponto de vista econômico o pagamento de produtividade. Houve também no seu governo, entre 2005 e 2006, um fortalecimento das lutas do movimento cooperativo, tendo os médicos do sistema privado complementar ao SUS, se descredenciado num conflito com a prefeitura e, com a intermediação do Estado, celebrado um contrato, via a cooperativa Coopmed, com adicional de 150%. Com um novo conflito em 2008-2009, provocado por uma resolução do Ministério Público que recomendava não renovação dos contratos do Estado e do Município, as cooperativas mostraram fôlego e ganharam a queda de braço, tendo Wilma e a prefeita de Natal, recém-eleita, Micarla, negociado a continuidade da prestação dos serviços. Não faltará, portanto, lutas e desafios. Em ano de eleições, o movimento dos trabalhadores normalmente se organiza para demandas, 2010 seria um deles e após oito anos como governadora, Wilma deixaria o governo. A pauta da categoria Médica trata de melhoria das condições de trabalho, desocupação dos corredores dos hospitais, disponibilidade de novos leitos, mais vagas nas UTI’s, contratação de recursos humanos e reajuste salarial. O Secretário da saúde George Antunes disse que na segunda, dia 8 de fevereiro de 2010, apresentaria uma proposta aos médicos. No dia 01 de março, uma assembleia dos médicos no Sindicato se debruçou sobre uma proposta do Estado, e decidiu-se apresentar uma contra-proposta ao governo, com 50% de reajuste e incorporação da gratificação de alta complexidade. Nova assembleia ficou marcada para o dia 08 de março. No dia 08 de março os médicos fizeram assembleia para analisar a proposta do governo, anunciada pelo secretário George Antunes. O salário dos médicos seria reajustado em 21%, sendo 15% em maio e os 6% restantes em dezembro. Quanto à gratificação de alta complexidade, ela seria aumentada em 100% e incorporada ao salário base até o final de 2011. O valor atual da gratificação passaria de 1.100 reais para 2.200 e seria incorporada ao salário 50% em maio e 50% em dezembro de 2011. A proposta foi aceita quase por unanimidade pelos médicos na assembleia do Sinmed RN, sendo rejeitada por apenas três profissionais. Após a assembleia o presidente do Sindicato se posicionou: “Isso não vai solucionar de imediato todos os problemas da saúde, mas alguns profissionais talvez já se sintam mais estimulados a assumirem os seus postos. Da próxima vez que o governo fizer concurso, as pessoas vão ter mais interesse na vaga”. Questionado sobre os outros pontos da pauta de greve, Geraldo disse que “o Sinmed RN criou uma comissão permanente que deverá elaborar relatórios regulares sobre a situação da saúde nos hospitais do Estado para que haja negociações contínuas”. No dia 31 de março, depois de dois mandatos, Wilma de Faria renunciou ao governo para concorrer ao senado nas eleições de outubro. Foi substituída por Iberê Ferreira, seu vice. Na administração, o novo governador prometeu priorizar a saúde e a segurança. George Antunes foi mantido como secretário de saúde. Nas eleições de 03 de outubro de 2010 foi eleita como governadora a médica Rosalba Ciarlini e como senadores Garibaldi Filho e José Agripino. Wilma amargou um terceiro lugar para o senado, e seu candidato a governador, Iberê, foi derrotado por Rosalba já no primeiro turno.

Geraldo Ferreira – Presidente do Sinmed RN

*Artigo publicado no Jornal Agora RN em 26/03/2025