22/04/2022
22/04/2022
A consciência conflituosa do homem moderno foca na produção de uma arte de força revolucionária. As expressões artísticas podem ser circunscritas pela tradição ou podem também, ao se recriarem, influenciar ou estabelecer formas de vida política. A arte como prática, delineia um “tipo de coisa pretendida e apresenta alguma exposição parcial de seus exemplos”, escreve Roger Scruton, “ela constitui a autoimagem do indivíduo como fragmento do organismo social mais amplo”, a ser doutrinado para novas e divergentes formas sociais. A vida é feita de perdas, e as grandes obras de arte transcenderam isso através da beleza. Além disso, tais obras transmitem de modo imaginativo o conceito do sagrado. Com a negação psicológica da dor e da tragédia, surge na sociedade uma “insensibilidade contagiosa, uma suposição em todos os cantos de que não existe nenhuma tragédia, nenhuma aflição, nenhum pranto, pois não há nada a lamentar.” Não existe amor ou felicidade, apenas diversão. As obras de arte promovem uma aproximação entre o sensorial e o intelectual, exploram o significado do mundo e a vida da sociedade. “Tradições artísticas e filosóficas, portanto, constituem o paradigma da cultura.” Mas, em algum momento do modernismo, a beleza e as concepções morais e espirituais da arte deixaram de receber reconhecimento e homenagens. A arte passou a buscar perturbar, provocar, subverter, transgredir todos os conceitos e certezas morais, e a originalidade buscada a qualquer custo, mesmo repulsiva e insólita, suplantaria a beleza como valor abstrato. Pintura, escultura, teatro, música mergulharam com impetuosidade nesse novo momento. Explodia a cultura pop, cujo sentido não guardaria relação com o sentido estético, mas com uma imagética fundamentalmente transgressora. Novos sentidos e buscas foram trazidos ao primeiro plano, sendo o principal a busca da libertação da repressão, e de tudo que representasse contenção, família, religião ou o estado clássico e seus conceitos de moral e ordem. A ideologia associou o conceito de subversão da sociedade para fins políticos com os novos conceitos de arte e fez a aliança garantidora de ganhos para todos. A ideologia dá o suporte emocional e intelectual, engajando a educação e a mídia, e a cultura pop, cujo maior interesse é entrar como receptor dos lucros, assume a linha de frente da imagética transgressora, onde todo autocontrole é desprezado. Exalta-se a sexualização e o consumo de drogas, e são minados os conceitos de religião, família e moral. “Por trás da imagética transgressora está o controle social em novas mãos”, escreve E. Michael Jones. Quem controla os estímulos, controla os estimulados, quem abandona a racionalidade é controlado pelas paixões, que são exploradas financeiramente e politicamente. “A cadeia se completa quando quem lucra contribui para a eleição daqueles que irão protegê-los.” O projeto ideológico de libertação através da transgressão, presente de forma tirânica e ostensiva na sexualização da cultura, tenta levar à extinção total da igreja e do estado clássico baseado na lei moral. A mídia se encarrega de massificar o que pode ser dito, cantado, discutido e aprovado, as escolas e universidades induzem os estudantes a ignorar o autocontrole racional das emoções, da imaginação, do desejo, da escolha, do comportamento. A impressão social de que todos estão engajados no comportamento degenerado retroalimenta os inibidos e resistentes a aderirem. A mudança na imagética produzida pela cultura pop produzirá mudança no comportamento, que por sua vez produzirá uma mudança de valores. A imagética transgressora cega a razão ao inflamar as paixões. A tecnologia está sendo usada como forma de controle do comportamento humano. Foi o gênio maligno do psicanalista Wilhelm Reich que enxergou que a paixão poderia ser mobilizada politicamente para produzir a sociedade revolucionária coletivada. “Está claro que essa atmosfera só pode ser criada por uma poderosa organização internacional como transmissora da imagética transgressora.” Através da música, televisão, pelo monitor do computador ou celular, a cultura pop estenderia a todos o grande mundo dos vícios e paixões ilimitadas.
Dr. Geraldo Ferreira – Médico e Presidente Sinmed RN