AGENDA BRASIL – CORRUPÇÃO

02/05/2018

AGENDA BRASIL – CORRUPÇÃO

02/05/2018

AGENDA BRASIL – CORRUPÇÃO

A moralidade é o grande cimento que une um regime. Para Aristóteles, a maior divisão em facções talvez seja entre a virtude e a depravação. A maioria dos cidadãos do mundo não confia em seus governos ou parlamentos, e um grupo ainda maior despesa os políticos e os partidos, e acha que seu governo não representa a vontade do povo. A situação da economia e da sociedade como um todo são fatores importantes para o descontentamento, mas, para Manuel Castells, a percepção da corrupção é o indicador mais significativo da desconfiança política. A falta de confiança em ocupantes de cargos políticos pode avançar para as instituições políticas e para o sistema político como um todo. A governança passa a ser uma prática apenas tolerada ou resistida, em vez de apoiada, após ser deliberada. Quando o descontentamento com relação aos partidos e instituições é crescente, os cidadãos se deparam com algumas alternativas. Eles podem se mobilizar contra uma opção política determinada, podem adotar um partido oficial e tomá-lo para defender sua ideologia, podem apoiar uma terceira via, como forma de protesto, podem se juntar a um candidato insurgente que desafia o sistema por dentro, ou de fora, podem optar por não votar, ou podem aprofundar a mobilização social fora do sistema político.

Castells cita uma pesquisa de 2007, feita pela Transparência Internacional que detecta os partidos políticos, a polícia e o sistema judicial-legal como as instituições mais atingidas pela corrupção da sociedade, sendo os partidos políticos com 70% e o Poder Legislativo com 55% os mais destacados.

A política de mídia é baseada em fortes pressões para chamar a atenção dos leitores, muitas vezes por meio de distorções de informações. A audiência prospera graças a enfrentamentos e conflitos. Embora a política de mídia e a política de escândalos contribuam para uma crise de legitimidade política, com redução da confiança pública, isso não vai significar queda na participação política, em muitos casos há um aumento da mobilização e no engajamento das pessoas. A crise de legitimidade leva a uma descrença no direito dos líderes políticos de tomarem decisões em nome dos cidadãos para o bem-estar da sociedade como um todo. O enfrentamento da crise de legitimidade, pelo combate implacável à corrupção, corrige a loucura de se pensar que se o governo e as instituições trapaceiam, todos podem trapacear.

 

Geraldo Ferreira Filho 

* Publicado em 02/05/2018 no Agora Jornal 

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