30/05/2018
30/05/2018
Jaime Lerner, arquiteto e Urbanista, que foi prefeito de Curitiba, opina em tese ousada, no livro Brasil, O Futuro que Queremos, que qualquer cidade, se assim o desejar, pode ser transformada para melhor em um período relativamente curto, dois ou três anos. Cada cidade é um laboratório vivo da realização humana. Como grandes desafios temos saúde, educação, creche, segurança, periferias marginalizadas, saneamento, danos ambientais, habitação, mobilidade, trabalho, que precisam responder a três questões básicas, qual a estrutura da cidade, como vai ser ordenado seu crescimento e desenvolvimento, do que vão viver os habitantes, e como esses elementos vão se entrelaçar para garantirem maior qualidade de vida, através de oportunidades que gerem prosperidade. André Trigueiro, em Cidades e Soluções, diz que a falta de planejamento condena o gestor público a enxugar gelo, sempre reativo aos problemas e invariavelmente vulnerável. Observando o que ele chama Cidades em ebulição, aponta exemplos de Berlim, que se reunificou em 1989, e utilizou áreas degradadas para um parque de alta tecnologia, onde após a revitalização oitocentas empresas de médio e pequeno porte foram criadas e instaladas. Cita Medellin que era nos anos 90 a cidade mais violenta do mundo, onde os homicídios eram de 381 por cem mil habitantes e baixou para 27 em 2014. Em Medellin o que mudou foi a presença do poder público com cultura, transporte, parque de ciências, parques bibliotecas, jardim botânico, teleféricos, veículos leves sob trilhos, facilitando a circulação das pessoas e presença do Estado em áreas dominadas pelo tráfico. Outra alternativa é dar vida a áreas portuárias, onde se cita o exemplo de Puerto Madero em Buenos Aires, ou a Estação das Docas em Belém do Pará. Nas áreas periféricas deve-se dar atenção especial às ocupações irregulares, moradias subumanas, descarte de lixo, violência, transporte ruim. A ideia de monitorização contínua da cidade por câmeras, imagens de satélites pode permitir respostas rápidas às emergências ou mesmo aos problemas crônicos, através de polícia, bombeiros ou ambulâncias. Ao se elaborar uma reforma administrativa ou organizacional de uma cidade deve-se definir com precisão a entrada de recursos e as prioridades de despesas. A busca da excelência leva a traçar planos e alcançar resultados, mesmo diante das adversidades.
Publicado em 30/05/2018 no Agora Jornal