12/07/2017
12/07/2017
Jared Diamond, em Colapso, mostra como costumes e modo de vida das pessoas afetam seu futuro, e como desmatamento, superpopulação, hábitos alimentares e destruição da biodiversidade podem levar uma sociedade ao desmoronamento. Para Manuel Castells, a industrialização, urbanização e reconstrução tecnológica do ambiente vital geraram nosso modo de vida, e a melhora nos padrões de saúde, educação, produção de alimentos e acesso a bens reafirmaram a crença no crescimento econômico como medida de progresso. A cultura da produtividade e do consumo está na base da estabilidade social, mas usam a natureza como um recurso e não como nosso ambiente vital. O sucesso que a humanidade alcançou em prosperidade, longevidade e reprodução fazem de nós um fardo para o planeta, é preciso meios de adaptação que nos permitam continuar. Temas gigantescos como aquecimento global, extinção em massa das espécies, derretimento da calota polar, foram tomados pela propaganda de ambientalistas alvoroçados que defendem planos internacionalistas radicais que atingem a sociedade presente e a estabilidade social. A verdade no ambientalismo pode ser distorcida a ponto de se transformar numa mentira, quando sequestrada pela ideologia e fanatismo trata a questão como uma luta contra o mercado, o capitalismo, a ganância, o lucro, numa típica cruzada em defesa dos pobres e oprimidos contra as grandes corporações, o consumismo e as grandes estruturas de poder, sendo a livre iniciativa vista como um assalto aos recursos do planeta. Relatório do Painel intergovernamental sobre mudanças climáticas em sucessivos anos apontou primeiro evidências de influência humana perceptível no clima global, e depois que o aquecimento dos últimos cinquenta anos era atribuível à atividade humana. A partir daí o assunto passou a ser questão explícita de política pública. Em Filosofia Verde, Scruton mostra os movimentos ambientalistas formados por ONGs impacientes que rejeitam arranjos destinados às conveniências dos que vivem no presente e requerem ao Estado a imposição de leis e regulamentações, e Associações civis, de caráter territorial e local, que buscam o bem da comunidade, adotando políticas sobre ambientes geridos e conhecidos, onde a sociedade civil atua como organismo regulador que apela à resiliência e inventividade, em vez de regulamentação e dependência. No equilíbrio instável entre o homem e a natureza, conflito e doença estão sempre à espreita de superpopulação e finitude de recursos.
*Artigo de Geraldo Ferreira publicado no Novo Jornal dia 12/07/2017