O poder e a ilusão das ideia: A guerra pela verdade

25/06/2025

O poder e a ilusão das ideia: A guerra pela verdade

25/06/2025

O poder e a ilusão das ideia: A guerra pela verdade



A máquina da desinformação anda solta no mundo. Desde que se percebeu que quem controla a comunicação controla a mente das pessoas e o poder, a busca do comando da narrativa passou a ser mais importante que os fatos. Há o risco de se passar a viver uma realidade singular, onde a fantasia tem o mando, bastando ter os meios de comunicação mais poderosos e influentes, ou usar as técnicas mais refinadas para criar meias verdades e sofisticadas mentiras. Influência é o objetivo final da mídia e seu entorno, porque essa influência tem um preço e pode ser. Ryan Holiday diz que no modelo atual de pagamento por visualização, fartamente utilizado na internet, cada artigo é um conflito de interesses. Ryan é duro, tudo é hipocrisia, diz ele, daí que não é de admirar que  se alastre irresponsabilidade, imprecisão e desonestidade. O jornalismo político foi invadido por uma militância tão audaciosa que Marcelo Rech reclamava que nunca fora tão necessária e importante a figura do jornalista, mas que era necessário fazer a opção entre jornalismo e ativismo. O advento das redes sociais colocou em cheque os grandes veículos e mostrou as contradições no discurso de isenção e imparcialidade dos órgãos de imprensa, desvendando seus interesses políticos, ideológicos e financeiros. As informações que subsidiam uma reportagem devem ter origem confiável e verificável, a checagem dos fatos por mais de uma fonte leva a um grau de confiabilidade, permitindo avaliar a sustentabilidade da informação. Reportagem ou informação são verificáveis, comprováveis, com amplas fontes e checagem, e diferem de fofocas e boatos que abastecem o noticiário comerciado. Fofoca são informações sobre terceiros, sem comprovação aceitável. Envolve núcleos pequenos. O Boato, afeto a grupos maiores e mais influentes, envolve fatos não devidamente verificados sobre uma coisa de interesse público. O boato é na verdade um mercado clandestino de informações, com interesses dissimulados, disfarçados, mas via de regra endereço certo. Dessa forma, o atingido é logrado e suas políticas comprometidas. O esforço empregado na distorção dos fatos e na falsa informação dissimula a situação real, e tira vantagem da tendência de um grupo ter uma propensão a aceitar como verdade algo contra algum outro com quem se defronta. O sociólogo e pesquisador Manuel Castells pergunta se as pessoas são influenciadas pela tendenciosidade da mídia ou se são atraídas por empresas midiáticas que consideram mais afinadas com suas ideais, para concluir que pode haver um efeito das fontes da mídia sobre a informação distorcida, assim como as pessoas são motivadas por suas predisposições e escutam o que querem escutar. Nas guerras a luta pela verdade é difícil, a informação ou desinformação é decisiva na formação da opinião pública e nos rumos do conflito. Para desmascarar a desinformação e encontrar a verdade não se deve deixar enganar pela fachada nem pelo palavrório, mas procurar nos acontecimentos e ocorrências, nos dados brutos, uma interpretação factual da realidade. Sun Tzu dizia há séculos que toda guerra é baseada em logro. Isso vale para a guerra real, ideológica ou política. Sobre as recentes decisões das grandes empresas como twitter, facebook e instagram de censurar a liberdade de expressão sob uma camada de pretextos inconsistentes, para estabelecerem suas presunçosas verdades, vale lembrar como Manuel Castells conclui seu fabuloso O Poder da Comunicação. Após alertar sobre os riscos dos detentores de poder, através de redes de comunicação corporativas, financeiras, industriais, culturais, tecnológicas e políticas cercearem a comunicação livre a fim de fechar a mente do público, programando a conexão entre comunicação e poder, ele arremata “Se não conhecermos as formas de poder na sociedade em rede, não podemos neutralizar o exercício injusto do poder. E se não soubermos quem exatamente são os detentores do poder e onde encontrá-los, não podemos desafiar sua dominação oculta”.

Dr. Geraldo Ferreira – Presidente do Sinmed RN

*Artigo publicado no Jornal Agora RN em 25/06/2025

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