09/04/2025
09/04/2025
No dia 08 de setembro de 2014, o Sindicato dos Médicos mediou o debate entre os candidatos ao governo do Estado Henrique Alves e Robinson Faria. Na ocasião, o presidente do Sinmed, Geraldo Ferreira, pronunciou-se pronunciou: “A saúde continua a ser uma das principais preocupações da população nas pesquisas”.
O então candidato Robinson Faria disse: “O destino me colocou na condição de candidato e aqui estou pronto para essa missão” e completou: “Os governos fracassam quando esquecem de ouvir a sociedade civil organizada. Eu não vou cometer esse erro”.
Robinson venceu Henrique no segundo turno. Robinson herdava da governadora Rosalba o Plano de carreira dos médicos implantado, mas com previsão de reajustes de 10% a cada ano de sua gestão de 2015-2018. Robinson iniciou o governo com a escolha para a Secretaria de Saúde de um médico brilhante, administrador de reconhecida competência do Hospital Universitário Onofre Lopes, que dirigiu a instituição durante 21 anos, o professor e cirurgião cardíaco Ricardo Lagreca.
No dia 05 de abril de 2015, em reunião com o secretário, o Sinmed cobrou concurso, aplicação do reajuste do plano de carreira em maio e mudança de nível dos médicos. Além disso alertaram sobre a infraestrutura de hospitais comprometida e falta de recursos humanos. Pouco depois abria-se uma crise inusitada em razão de um projeto do Deputado Kelps Lima, que adequando a constituição estadual à federal, provocou que a insalubridade, que os médicos levavam para aposentadoria, deixasse de ser, em virtude da qualificação como gratificação transitória.
Com a repercussão negativa, o deputado apresentou novo projeto reintegrando a insalubridade no cálculo da aposentadoria, mas o Tribunal de Contas do Estado a partir daí firmou posição contrária e cada aposentadoria virou uma disputa judicial. A obsessão do governador Robinson era um projeto de modernização da máquina pública com uma reforma administrativa. Isso mais na frente geraria um dos maiores confrontos de servidores públicos com a gestão, quando através do vice-governador Fábio Dantas, em janeiro de 2018, esse projeto foi enviado à Assembleia Legislativa. O projeto acabou sendo retirado sem ser votado.
Atrasos no pagamento dos salários e na mudança de nível na saúde levaram a uma greve, em junho de 2015, capitaneada pelo Sindsaúde. O calendário de pagamento dos salários dos servidores do Estado continuava a atrasar. Em 02 de fevereiro de 2017, na abertura do ano legislativo, os Sindicatos fizeram um protesto em prol de um calendário de pagamento e pelo fim dos atrasos.
O governo Robinson enfrentava uma seca, com emergência em 153 dos 167 municípios, vinha com problemas graves na segurança, desde 17 de março de 2015, onde uma série de rebeliões em 14 das 33 unidades prisionais levou à decretação de calamidade pública, e no dia 06 de junho de 2017 decretou calamidade também na área de saúde. Os atrasos de pagamento do Estado repercutiam até no comércio.
Aí, ainda em janeiro, veio a bomba, um pacote de recuperação financeira, chamado RN Urgente, eram um total de 18 medidas, como extinção de adicionais por tempo de serviço, reorganização do regime próprio da previdência social do Estado, criação da previdência complementar, aumento da alíquota dos servidores, veto a reajustes para o ano seguinte.
Apelidado de pacote de maldade pelos sindicatos, que desencadeou uma guerra entre servidores e governo, que teve como palco a Assembleia Legislativa, com um cerco dos servidores aos deputados, que inviabilizou a votação do projeto. As sucessivas crises na segurança e saúde, somadas ao atraso salarial fez o governador Robinson Faria encarar entre agosto e setembro de 2018, 72% de reprovação, e com apenas 11,87% dos votos foi abatido logo no primeiro turno da eleição para o governo, onde planejava continuar e não logrou êxito.
Geraldo Ferreira – Presidente do Sinmed RN