11/10/2024
11/10/2024
O Sindicato dos Médicos do RN (Sinmed) tem apontado preocupação com o que chama de “desestruturação” do setor de oftalmologia do Hospital Walfredo Gurgel, em Natal. Isso porque a direção hospitalar, juntamente com a Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) teriam solicitado a devolução imediata de seis dos 17 oftalmologistas que atuam no setor, em razão de um suposto descumprimento da jornada de trabalho desses profissionais, os quais deverão ser realocados dentro da própria unidade.
A direção do Walfredo e a Sesap foram procuradas para comentar o assunto, mas não houve retorno até o fechamento desta edição. De acordo com Geraldo Ferreira, presidente do Sinmed, a falta de clínicos gerais no hospital teria motivado o pedido de mudança, uma vez que seis oftalmologistas que atuam no Walfredo foram aprovados em concurso para o quadro de médico generalista. A questão, afirma ele, é que a mudança pode desestruturar o setor de oftalmologia do hospital, o único a ofertar urgência e emergência ocular na rede pública do RN.
“Há o risco de inviabilização das escalas da oftalmologia [do Walfredo], que hoje contam com três médicos por dia. Realocar os profissionais é como descobrir um santo para cobrir o outro”, disse Ferreira. Na quarta-feira (9), o presidente do Sinmed, a direção do hospital e os oftalmologistas que atuam na unidade se reuniram para debater a questão. Segundo Geraldo Ferreira, o Sinmed está preparando, juntamente com o chefe de oftalmologia da unidade, algumas justificativas sobre a necessidade de manutenção dos 17 profissionais no setor.
A previsão é de que o documento seja finalizado nesta sexta-feira (11). “O serviço prestado pelo Walfredo para a urgência e emergência oftálmica é importantíssimo para a população porque, em qualquer caso de olho perfurado ou trauma ocular no Rio Grande do Norte, não tem outro local de atendimento a não ser ali. Inclusive, à noite e aos finais de semana, não há sequer serviço privado disponível. Sem contar que o setor funciona muito bem no Walfredo”, destaca Geraldo Ferreira.
A questão foi levantada, segundo Ferreira, depois de uma intervenção do Ministério Público do RN (MPRN) identificar a falta de clínicos gerais no hospital. À reportagem, o Ministério disse que a transferência dos profissionais “foi uma decisão da direção do hospital e da Sesap” após o próprio MP “recomendar que medidas corretivas fossem adotadas” por causa do “suposto descumprimento da jornada de trabalho dos médicos oftalmologistas”.
Questionado sobre como tem ocorrido o descumprimento da jornada de trabalho dos profissionais e sobre quais medidas corretivas foram recomendadas, o Ministério Público disse que o processo está em andamento e que, portanto, não pode divulgar qualquer detalhamento. O órgão reforçou, no entanto, que a decisão de realocar os profissionais foi da Sesap e do próprio Walfredo Gurgel, sem que houvesse recomendações do MP neste sentido.
Fonte: Tribuna do Norte