27/06/2018
27/06/2018
O desaparecimento do conceito do que é a vida boa levou a uma devoção absoluta ao consumo e ao trabalho. Em seu livro Quanto é Suficiente, Robert Skidelsky e Edward Skidelsky discorrem sobre o viver bem, conceituando a vida boa como uma vida desejável, que vale a pena ser vivida, e corresponde às aspirações da maioria das pessoas em todo mundo e todas as épocas. Com as diferentes crenças e práticas morais, há uma tendência no liberalismo moderno de relativizar tudo e deixar ao indivíduo a autonomia das escolhas, mas por mais que a variedade moral exista, ela não tem a dimensão que se imagina. A forma de vida humana em todas as culturas incentivam uniões mais ou menos estáveis entre homens e mulheres para gerar filhos, embora os arranjos variem, os humanos vivem em grupos, que se estendem além da família, possuem alguma organização política, tem noções de propriedade e troca, envolvem-se em atividades que transcendem as necessidades, como religiosas, estéticas, recreativas, respeitam e admiram o mundo que os cerca, plantas, animais, cobrem os genitais, celebram o mundo em pintura, música, poesia, tratam os mortos com respeito e de forma ritualizada. Para a vida boa, um conjunto de bens básicos constituem o bem viver, as pessoas buscam saúde, segurança, relacionamentos de confiança e amor, respeito, autonomia. John Rawls, em Teoria da Justiça, lista bens primários que são meios para alcançar qualquer versão possível da vida boa, que incluem liberdades cívicas e políticas, renda, Riqueza, acesso a serviços públicos, fundamentos sociais do autorrespeito. Robert e Edward Skidelsky identificam sete bens que se enquadram nessas características, saúde, segurança, respeito, personalidade ou autonomia, harmonia com a natureza, amizade ou sociabilidade e lazer. A Educação, Alimentação, Trabalho, Riqueza, são meios para se alcançar a vida boa. A função do Estado é criar condições materiais para que todos a tenham.
*Publicado em 27/06/2018 no Agora Jornal