A Razão Pública – Artigo Geraldo Ferreira

05/04/2017

A Razão Pública – Artigo Geraldo Ferreira

05/04/2017

A Razão Pública – Artigo Geraldo Ferreira

Em Teoria da Justiça, John Raws, afirma que as pessoas não vivem sem convicções religiosas, filosóficas e morais ou sem apegos ou lealdades duradouros. Agem por um sentido de valor e, quando buscam o que valorizam, encontram uma razão que incita e justifica sua conduta. O liberalismo foca na autonomia e no desejo, ambos sem contenção ou transcendência, e prega neutralidade nos campos social, cultural, moral, sexual e religioso, os conservadores pregam neutralidade no campo da política econômica, e respeito às instituições políticas, códigos legais, costumes sociais, moralidade e religião. Nem sempre é possível resolver questões de justiça e direitos sem resolver importantes questões morais. Barack Obama em discurso pontuou que as leis são em grande parte a codificação da moralidade, fundamentada na tradição judaico-cristã. Assim, as ideias de direitos humanos e igualdade são bíblicas porque Deus fez o homem à sua imagem e semelhança, as mulheres na antiguidade eram propriedade dos homens, viúvas ou casavam ou eram queimadas em piras com os maridos mortos, crianças fêmeas eram mortas. Foi o Cristianismo que sistematizou o casamento estável para educar os filhos. A igreja aceitava e protegia os oprimidos como as mulheres e os escravos. Compaixão e misericórdia vem da caridade. A ciência tem suas raízes no cristianismo, nos mosteiros havia proteção da cultura, das artes e da ciência, o mundo existia para ser descoberto. O fatalismo ou ilusão foi substituído pela ideia de que existe um Deus racional que é a fonte da verdade racional. A natureza é real não uma ilusão, foi criada por Deus de forma ordenada, tem leis, a ciência foi sancionada como forma de atenuar o sofrimento. A busca do conhecimento e das maravilhas do universo exibiam a glória de Deus, o método científico nasceu da concepção de que o mundo racional não pode ser deduzido pela lógica, mas pela vontade de Deus, então é necessário experimentação e investigação para compreendê-lo. As grandes questões que se colocam no confronto político moderno no ocidente dizem respeito às dificuldades de construção de um novo consenso que substitua esses valores profundamente enraizados. Aurélio Schomer lembra que ciência, capitalismo e democracia precisam do complemento moral. A Razão pública se fundamenta em argumentos que todos os cidadãos possam razoavelmente aceitar. Tolerância, justiça e liberdade de escolha são elementos que compõem o pluralismo sensato da vida boa que prevalece no mundo moderno.

Geraldo Ferreira Filho – Presidente do Sinmed RN

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