14/10/2016
14/10/2016
Editorial
A Política tem movimentos curiosos, e uma parte deles é maliciosamente manipulada por quem acredita na falta de memória da sociedade e na crença de que o passado possa ser negado, como se não tivesse ocorrido, para que em novos papéis a história seja reescrita, e o vilão se transforme em defensor das vítimas que causou. Treze anos destruiram a Saúde, a Educação, a Segurança e quebraram financeiramente o País, mergulhado num mar de lama, corrupção e devaneios ideológicos e sociais.
Pois bem, um novo movimento se intenta na política em razão da PEC 241, que fixa tetos de gastos públicos por vinte anos, apenas corrigidos pela inflação. Esse congelamento se faz em todos os poderes, incluindo legislativo e judiciário, e isenta os níveis de 2016 apenas para Saúde e Educação, que usarão os níveis de 2017.
Na saúde, há inclusive a antecipação do valor de 15% da receita líquida, contra os 13,5% atuais, que só ocorreria em 2020, mas vigorará já em 2017. Ou seja, mais dinheiro para a Saúde. Mas os quase aniquilados nas eleições de 2016, responsáveis pelo caos econômico em que o Brasil se encontra resolvem posar de defensores dos trabalhadores e, pregando a irresponsabilidade fiscal, buscam ressuscitar da insignificância e rejeição política em que mergulharam.
Ninguém gosta de arrocho, ninguém simpatiza com a ideia de não ter ganhos reais por um tempo, enquanto as finanças do País se organizam, e todos sabem que o remédio é amargo, mas se o governo não reorganizar as finanças destroçadas nos treze anos anteriores as opções serão bem piores, na forma de inflação, desemprego e até incertezas sobre o pagamento das aposentadorias presentes e futuras.
A hipocrisia não tem limites, os perdulários que quebraram o país e acabaram com os serviços públicos fazem marchas e manifestações tentando se fazerem de líderes dos trabalhadores. Os Médicos certamente não gostariam que o País estivesse nessa situação, e, mais ainda, terão um olhar atento para a evolução nas coisas na saúde, que aparentemente contará com mais recursos em 2017, e saberão cobrar mudanças se a situação não melhorar.
Mas são patriotas o suficiente para entender que a luta para tirar o Brasil do fundo do poço é de todos os Brasileiros, e a histeria dos que destruiram a economia do País e pensam que, trocando de roupa, podem voltar como se não fossem responsáveis por isso, deve merecer repúdio.
A irresponsabilidade econômica dos últimos treze anos foi punida severamente nas urnas em Outubro, e continua em novas derrotas nas cidades onde há segundo turno. Sem o equilíbrio financeiro o País jamais poderá prestar, com um mínimo de qualidade, os serviços públicos que são a razão de sua existência.
Dr. Geraldo Ferreira – Presidente do Sinmed RN