18/07/2013
18/07/2013
Pesquisa CNI/Ibope mostrava em março 74% de reprovação do governo Dilma no quesito Saúde. Claro que o sentimento do brasileiro não podia ser diferente. Baixos investimentos, sucateamento, falta de leitos, o que amontoa pacientes em condições indignas nos corredores, mortes em unidades improvisadas por falta de vagas em UTI, falta de medicamentos, filas de meses por exames e cirurgias. Perdido neste universo complexo o governo vai improvisando programas e siglas, sem efetivamente melhorar a assistência. Procurando se viabilizar como candidato ao governo de São Paulo o ministro da saúde, Alexandre Padilha, bolou o plano que na sua concepção alavancaria seu sonho, mas na verdade o sepultou. Mais médicos, o programa, precariza relações trabalhistas e afronta a constituição e a CLT contratando por bolsa, um hábito deste governo de tentar distribuir esmolas para comprar ou escravizar as pessoas, recria a escravidão no Brasil impondo aos médicos estrangeiros sem revalida locais de trabalho dos quais não tem opção de migrar, explora mão de obra dos médicos brasileiros, aumentando sem critérios técnicos, sem consultas a academia ou às entidades, em dois anos a formação do profissional, criando a categoria de formados obrigados a trabalhar para os porões governistas. Para emparedar os médicos o governo atacou também por outra frente, vetou artigos fundamentais da lei do ato médico na velha prática, tantas vezes utilizadas, de jogar categorias ou grupos uns contra os outros, na tática de dividir para reinar. Assim instrumentalizou lideranças vinculadas ao partido do poder, alimentando ressentimentos e tentando dividir categorias complementares que tão bem se relacionam no dia a dia das unidades de saúde e se viram usadas em manobras politiqueiras de suas lideranças, manipuladas pelo governo. A lei do ato médico é fundamental para proteção da sociedade brasileira, seu veto institucionaliza o charlatanismo. Há algo muito grave na condução da saúde brasileira. Ao confrontar-se com a categoria médica e fazer-se surdo a qualquer entendimento na construção de um modelo de atenção que dignifique a assistência, o governo exibe sinais e sintomas de que está doente.
Geraldo Ferreira Filho
Editorial publicado na coluna Sinmed em Ação, no Novo Jornal, dia 14/07/2013.