07/04/2011
07/04/2011
Os médicos dos planos de saúde participaram ativamente de uma audiência pública na Assembleia Legislativa, hoje, dentro da programação do dia nacional de paralisação.
A audiência mediada pelo Deputado e médico Leonardo Nogueira (DEM/RN) teve como objetivo alertar os planos de saúde sobre a insatisfação dos médicos com o valor pago pelos procedimentos. A audiência contou com a exposição dos presidentes das entidades médicos do estado e um representante do Ministério Público.
Fernando Pinto, integrante da Comissão de Honorários Médicos estadual abriu os trabalhos e em sua fala expôs dados recentes relacionados à desvalorização do honorário médico, a defasagem no reajuste, chamou atenção para as leis que favorecem o médico nas negociações com as operadoras de saúde. Ele apresentou ainda, uma tabela que mostra o real valor de uma consulta médica depois de liquidado todos os gastos com manutenção de consultório, funcionário, tributações e outros gastos. No final do mês com 240 pacientes atendidos e despesas liquidadas o médico recebe efetivamente cerca de R$3,46 por consulta.
O presidente do Sindicato dos médicos do RN, Dr. Geraldo Ferreira ressalta a importância da unidade no movimento pela valorização dos médicos de plano de saúde. “As sociedades de especialidades médicas devem levantar essa bandeira juntas. Pois é assim que fortaleceremos o nosso movimento em busca de avanços nas negociações”, afirmou. Geraldo Ferreira expôs também a dificuldade enfrentada pelos médicos de Natal e Parnamirim que resultou numa paralisação de advertência também ocorrida hoje.
Para Álvaro Barros, presidente da Associação Médica do RN o maior prejudicado é o associado que depende do plano. “É uma burocracia abusiva que coloca o usuário em risco e não respeita a decisão do profissional médico. A população precisa abrir os olhos e reivindicar os seus direitos”, alerta.
A seguir foi a vez do presidente do Conselho Regional de Medicina, Dr. Jeancarlo Fernandes. Em sua fala o médico falou do comprometimento do ato médico diante das pressões dos planos de saúde. “A saúde suplementar está dando um tiro no próprio pé. Os médicos já entenderam que devem lutar pelos seus direitos e se não houver um avanço, não há outra solução que o descredenciamento”.
O promotor Alexandre Cunha Lima, que vai mediar as reivindicações, se disse assustado com a denúncia dos médicos sobre interferência dos planos nas decisões que deveriam ser estritamente técnicas. “É preocupante a interferência nos procedimentos médicos. Planos dizendo o que pode fazer, que remédio prescrever. Vamos investigar a falta de autonomia”.
Encaminhamentos
No encerramento da audiência os médicos definiram os encaminhamentos a serem seguidos. Da parte dos médicos houve um pedido de apoio e respaldo do ministério público para que a partir da próxima semana dêem inicio as rodadas de negociações com os planos de saúde. O representante do MP deixou claro, a pertinência das colocações e que o ministério do trabalho também deve se envolver na causa.
Uma assembleia na Associação Médica hoje, às 19h vai definir os caminhos adotados pelos médicos diante desta questão.