15/01/2016
15/01/2016
No hospital Drº José Pedro Bezerra, também conhecido como hospital Santa Catarina, na Zona Norte de Natal, as gazes que deveriam ser utilizadas nos atendimentos aos pacientes também estão sendo usadas de forma improvisada por funcionários e internos na falta de papel higiênico. O problema foi constatado em vistoria técnica realizada por representantes do Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Norte (Sinmed/RN) na última quarta-feira (13).
Além disso, o segundo maior pronto-socorro da capital (referência em ginecologia, obstetrícia e neonatologia de alto risco), mas que também recebe urgências de clinica médica e realiza cirurgias em geral, enfrenta um velho aperto das unidades de saúde do estado: a superlotação.
A situação preocupante é que no hospital três gestantes de gêmeos e uma de trigêmeos esperavam para dar a luz, mas só havia uma vaga disponível na UTI neonatal. O que significa que seis das sete crianças que nasceriam estariam completamente desassistidas diante de alguma complicação após o parto.
Segundo dados da direção do hospital, o Santa Catarina possui 52 leitos na clínica geral, 26 na clínica cirúrgica, 63 na obstetrícia cirúrgica, 24 na obstetrícia clínica, 10 na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) adulto e 20 na neonatal.
Mesmo com esta capacidade razoável para atendimento os corredores estavam abarrotados de macas e muitos pacientes aguardavam atendimentos até mesmo em cadeiras plásticas.
Como é o caso de Carlos Costa dos Santos, 33 anos, que apresentava um diagnóstico de pancreatite (inflamação no pâncreas) e colecistite (infecção na vesícula biliar). Além das dores e do desconforto de aguardar a cirurgia sem uma maca, Carlos corria risco de morte se a cirurgia não fosse realizada e o quadro se agravasse.
E os problemas não se limitam apenas aos pacientes, os médicos e enfermeiros também sofrem com alojamentos precários. Camas com colchoes deteriorados, paredes mofadas, armários quebrados e os equipamentos de televisão, ar condicionado, geladeira e fogão que existem foram adquiridos através de dinheiro dos próprios funcionários.
Em meio a todo este caos, o Sindicato Intermunicipal dos Vigilantes do Rio Grande do Norte (Sindsegur/RN) deflagram greve por atraso no pagamento dos salários dos guardas terceirizados, o que deixou as unidades de saúde do estado sem segurança. Como se não bastasse, o Sindicato dos Profissionais de Enfermagem, Técnicos, Duchistas, Massagistas e Empregados em Hospitais e Casas de Saúde de Natal do Rio Grande do Norte (SIPERN) já notificou o hospital que no dia 23 também irá paralisar suas atividades por falta de repasses, o que deve comprometer em 70% a nutrição do Santa Catarina.
“Mesmo acostumado com as deficiências do sistema de saúde pública no Brasil estou profundamente surpreso com a grave situação dos hospitais do Rio Grande do Norte”, declarou o presidente do Sinmed/RN, Geraldo Ferreira.