Ortopedia do Walfredo Gurgel, crise interminável

24/10/2007

Ortopedia do Walfredo Gurgel, crise interminável

24/10/2007

Há mais de dez anos, ano a ano, o número de ortopedistas no Hospital Walfredo Gurgel vem diminuindo gradativamente. Alguns ortopedistas vem sendo transferidos, outros se aposentando ou mesmo se afastando por motivos de enfermidade. Atualmente trabalham cerca de 17 ortopedistas no maior hospital público do estado, número insuficiente para dar conta da demanda de Natal e de vários municípios circunvizinhos.

Durante anos alguns profissionais se desdobraram para cumprir uma carga horária extra com pagamentos através dos conhecidos plantões eventuais.

Agora com a suspensão destes pagamentos, grande parte dos ortopedistas deixaram de fazer os plantões desfalcando consideravelmente o hospital. Muitos plantões estão com dois profissionais. Quando um profissional tira férias, o serviço fica inteiramente sobrecarregado, pois não há subsititutos.

A direção do hospital tenta preencher as lacunas aumentando a jornada de cada médico homogeneamente. Isso significa aumentar em quatro ou mais plantões para cada um, tentando desta forma deixar os horários com três ortopedistas. Para isto retiram-se médicos antes escalados para prescrever pacientes internados nas enfermarias. Em última análise, retirou-se o pagamento de escala de enventuais e aumentou-se a carga de trabalho do médico.

Paralelamente à tudo isto, houve um aumento no nº de atendimentos por ineficácia na rede municipal. No pronto-socorro, os ortopedistas precisam perder tempo em questões burocráticas, preenchendo papéis de internação, prejudicando ainda mais o atendimento dos pacientes que já esperam, muitas vezes horas.

Outros hospitais da rede pública estadual, tal como o Hosital Deoclécio (Parnamirim), abusa dos contratos provisórios. Recentemente o atendimento em ortopedia foi suspenso por não renovação dos contratos. A insuficiência no nº de médicos, obriga o profissional a entrar na cirurgia e pedir auxílio a um técnico de enfermagem, o que é proibido pelo COREN, justificando-se somente em caso de extrema emergência.

A secretaria de Saúde municipal e estadual insistem em não aumentar a cota aos hospitais privados tercerizados, apesar do nº de atedimentos só terem aumentado. A inexistência de concurso público dá o golpe de misericórdia no serviço público de saúde do estado e da cidade de Natal, falidos e mal administrados.

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