Dialética da modernidade – Artigo de Geraldo Ferreira publicado no Novo Jornal

21/09/2016

Dialética da modernidade – Artigo de Geraldo Ferreira publicado no Novo Jornal

21/09/2016

A modernidade, o triunfo do individualismo e do conceito de progresso, promovidos pelo avanço notável das ciências experimentais, fez das elites em geral materialistas, agnósticas e ateias. Pensou-se ter descoberto os segredos do mundo, através da teoria da evolução de Darwin. A eclosão das ciências humanas, sociologia, psicologia pretendeu igualmente desvendar as leis da natureza humana e da sociedade. E a crítica histórica submeteu tudo a um olhar cínico e ideológico, onde quase tudo se resumiu a poder, opressão e dominação. Hans Küng em Os Grandes Pensadores Cristãos, diz que não há que se contestar as grandiosas aquisições nas ciências, filosofia, tecnologia, indústria, no estado e na sociedade em geral. Mas há questões em relação à razão, ao progresso e ao estado nação. O que surge da modernidade é ambivalente, pode-se falar de uma Dialética da Modernidade que inclui liberalismo e socialismo, investigação científica e progresso moral, tecnologia e espiritualidade, economia e ecologia, democracia e ética, para contrapor os interesses e a sede de poder de dirigentes e grupos de pressão. Para Küng há quatro questões que confrontam a modernidade como tarefas de vulto, a cósmica, o homem e a natureza, a antropológica, a mulher e o homem, a sociopolítica, os pobres e os ricos e a religiosa, o homem e Deus. Estes problemas existem para a civilização ocidental e o mundo cristão, mas também se estendem para o oriente e o mundo muçulmano. A modernidade transformou o mundo, o homem e seu ambiente, através da revolução técnica, novos métodos de produção, a explosão demográfica, a revolução agrária e finalmente a revolução industrial. A secularização, com a autonomia da filosofia, das ciências, da economia, da política, do direito, da educação e da cultura, leva o homem a conquista da autodeterminação ou da emancipação e do domínio do mundo, através da desmistificação, pondo em cheque a religião e a igreja. Na pós-modernidade já encontramos o mundo com a pluralidade heterogênea de projetos de existência, modelos de comportamento, linguagem, formas de vida, concepções científicas, sistemas econômicos, sociais e comunidades de fé. Aldoux Huxley diz que somos seres em busca de ordem e significado, e a ciência, a filosofia e a arte buscam dar sentido ao mundo. Kant fala de um imperativo categórico, algo é ético para mim se eu quero para todos e todos podem fazer. Algo assim como a filosofia judaico cristã, não faça ao outro o que não queres que façam a ti.

 

*Artigo de Geraldo Ferreira, presidente do Sinmed RN, publicado no Novo Jornal, dia 21/09/2016.

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