"Ideologia e Revolução", artigo de Geraldo Ferreira publicado no Novo Jornal

07/07/2017

"Ideologia e Revolução", artigo de Geraldo Ferreira publicado no Novo Jornal

07/07/2017

"Ideologia e Revolução", artigo de Geraldo Ferreira publicado no Novo Jornal

 

Eduardo Galeano escreve, A Utopia está lá no horizonte, me aproximo e ela se afasta, jamais a alcançarei, para que serve a Utopia? Serve para isso, para que eu não deixe de caminhar. A Utopia é irmã da ideologia, um sistema de ideias, uma teoria política fanática, que rejeitando a religião e a metafísica, imagina leis, que se obedecidas seriam capazes de transformar a sociedade e até mesmo a natureza humana. A ideologia se monta na Utopia, no de vir. O ideólogo é impiedoso, no seu messianismo político não há outra realidade fora sua verdade absoluta. Chesterton denuncia a mente moderna como propelida para o futuro pelo terror com que contempla a grandeza do passado, é o medo do passado, não só do mal, mas do bem que há nele, a insuportável virtude da humanidade, atitudes de fé flamejante, heroísmos inimitáveis, monumentos e glórias que parecem sublimes e patéticos. E continua, Esperanças baseadas em sofismas são balões que explodem em contato com a realidade. O correlativo de Ordem Social é Mudança Social, isso é tanto um fato a ser reconhecido como um problema a resolver. Christopher Dawson em Progresso e Religião mostra o Cristianismo desde o começo como força moral e social dinâmica no mundo ocidental, por ter um Deus que se encarna para intervir na história humana. Mas a crença na perfectibilidade moral e no progresso ilimitado da raça humana tomou o lugar da fé cristã,  a ideia de que a história tem uma direção e um significado foi destituída de suas origens religiosas e secularizada para se tornar a ideia de progresso. Para Kirk,  O pensamento conservador adere aos costumes, à convenção e à continuidade, mas entende que permanência e mudança devem ser reconhecidas e conciliadas em uma sociedade vigorosa. As mudanças precisam ocorrer de forma regrada e harmônica, a exata medida e tipo de mudança exigidos  numa sociedade dependem das forças de permanência e progressão. Malcom Muggeridge criticava o erro fundamental do liberalismo e seu falso evangelho de progresso automático e inevitável, o desejo de se ver liberto de todas as limitações e o apego perverso a tudo que é hostil às coisas instituídas na nossa civilização. Chesterton diz que o futuro tem sido sempre um aliado da tirania, Raymond Aron pontua A ideologia é a procura de uma fé secular, o intelectual que não se sente mais ligado a nada, não se contenta com opiniões, quer uma certeza, um sistema, e pede às ideologias progressivas que tomem conta de sua alma inteira, a Revolução traz-lhe seu ópio.

 

 *Artigo de Geraldo Ferreira publicado no Novo Jornal dia 05/07/2017

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