Artigo: A arte do embuste e crise na legitimidade política

06/05/2022

Artigo: A arte do embuste e crise na legitimidade política

06/05/2022

Artigo: A arte do embuste e crise na legitimidade política

O Mundo foi tomado de assalto por embusteiros que mentem para se apossarem do poder político. O usufruto é pessoal e para grupos. Ateus convictos vão à missa, abortistas dizem que é caso de saúde pública e apresentam estatísticas delirantes de mortes maternas para justificar o massacre dos inocentes, escolas são treinamento de militância e ideologia, defensores das drogas, justificam que é uma escolha pessoal e um dano individual, enquanto assistem à degradação dos dependentes, extorquem a sociedade com elevados impostos para distribuir serviços públicos, mas quase tudo se perde na malha da má gestão, do patrimonialismo ou da corrupção. A política parece ter virado a arte de enganar e mentir. Por muito tempo as divergências eram sobre o papel do Estado ou do Empreendedorismo privado como motores da economia e da melhora de vida da sociedade, isso marcava a diferença entre esquerda e direita. Hoje, a subversão familiar, moral e religiosa busca desenraizar as pessoas, para submetê-las. Os grupos sociais são transformados em dependentes, depois militantes, e por fim, escravos. Justiça, prosperidade e tranquilidade só são alcançadas por responsabilidades assumidas e execução de nossos deveres na comunidade. Propriedade e liberdade estão ligadas. Quanto mais difundida a propriedade privada, mais estável e produtiva a comunidade política. A moralidade é o grande cimento que une um regime. Para Aristóteles, “a maior divisão em facções talvez seja entre a virtude e a depravação.” A maioria dos cidadãos do mundo não confia em seus governos ou parlamentos, e um grupo ainda maior despreza os políticos e os partidos, e acha que seu governo não representa a vontade do povo. A situação da economia e da sociedade como um todo são fatores importantes para o descontentamento, mas, para Manuel Castells, “a percepção da corrupção é o indicador mais significativo da desconfiança política.” A falta de confiança em ocupantes de cargos políticos pode avançar para as instituições políticas e para o sistema político como um todo. A governança passa a ser uma prática apenas tolerada ou resistida, em vez de apoiada, após ser deliberada. Quando o descontentamento com relação aos partidos e instituições é crescente, os cidadãos se deparam com algumas alternativas. Eles podem se mobilizar contra uma opção política determinada, podem adotar um partido oficial e tomá-lo para defender sua ideologia, podem apoiar uma terceira via, como forma de protesto, podem se juntar a um candidato insurgente que desafia o sistema por dentro, ou de fora, podem optar por não votar, ou podem aprofundar a mobilização social fora do sistema político. Castells cita uma pesquisa de 2007, feita pela Transparência Internacional que detecta os “partidos políticos, a polícia e o sistema judicial-legal como as instituições mais atingidas pela corrupção da sociedade, sendo os partidos políticos com 70% e o Poder Legislativo com 55% os mais destacados.” A política de mídia é baseada em fortes pressões para chamar a atenção dos leitores, muitas vezes por meio de distorções de informações. A audiência prospera graças a enfrentamentos e conflitos. Embora a política de mídia e a política de escândalos contribuam para uma crise de legitimidade política, com redução da confiança pública, isso não vai significar queda na participação política, em muitos casos há um aumento da mobilização e no engajamento das pessoas. Os cidadãos buscam sinceridade e confiabilidade no discurso e no comportamento de seus líderes, numa forma de se precaverem contra o uso das instituições em benefício de grupos de interesses ou indivíduos. A crise de legitimidade leva a uma descrença no direito dos líderes políticos de tomarem decisões em nome dos cidadãos para o bem-estar da sociedade como um todo. O enfrentamento da crise de legitimidade, pelo combate implacável à corrupção, “corrige o desvario de que se o governo e as instituições trapaceiam, todos podem trapacear.”

Dr. Geraldo Ferreira – Médico e Presidente do Sinmed RN

whatsapp button