Artigo: O Niilismo do Mundo da Técnica

01/03/2018

Artigo: O Niilismo do Mundo da Técnica

01/03/2018

Artigo: O Niilismo do Mundo da Técnica

O mundo está sendo conduzida por acelerações simultâneas, sob o poder do crescimento exponencial, na tecnologia, globalização e mudanças climáticas, todas interagindo, transformando os ambientes de trabalho, a geopolítica, a política, as escolhas éticas e as comunidades, diz Thomas Friedman em Obrigado Pelo Atraso. Para Heidegger, o mundo moderno é estruturado pela técnica, e no conceito de vontade de potência de Nietzsche o querer se transforma em busca de poder. Luc Ferry, em A Mais Bela História da Filosofia, aponta que na técnica contam apenas o aumento dos meios, o domínio pelo domínio, a rentabilidade e a produtividade encaradas como fins em si mesmas. A globalização é conduzida pela vontade de poder tecnicista desenfreada, a história não é mais movida para objetivos como liberdade, felicidade ou progresso, agora os protagonistas avançam impulsionados pela concorrência permanente e desabalada, pela lógica da sobrevivência, adaptação, obrigação, pressão pela inovação permanente, assim apagam-se as finalidades em proveito das metas da inovação. A primeira modernidade, para Ted Mcallister, em Revolta Contra a Modernidade, veio com Maquiavel, que rejeitando a natureza como padrão ou ideal, a transforma em entendível, manipulável e adequada às necessidades humanas, e Thomas Hobbes elevou a autopreservação ao mais destacado objetivo político. A segunda onda com Rousseau buscou a transformação da natureza humana, surgida da vontade, que toma o lugar do direito natural transcendente. Kant e Hegel aprofundariam isso descambando no comunismo. Com Nietzsche e Heidegger o desenvolvimento histórico se faz sem razão, teleologia ou progresso, pelo poder e vontade de poder. Com a rejeição à natureza e aos padrões atemporais em favor do desenvolvimento histórico, Heidegger na sua filosofia vê a tecnociência e a economia em incessante desenvolvimento, se transformando em seu próprio fim, o que impossibilita afirmar qualquer coisa ou qualquer ideal ou objetivo ou acreditar neles. Essa amoralidade de Heidegger o obstou de condenar o nazismo, o que para Strauss era uma indecente abdicação de responsabilidade.

Dr. Geraldo Ferreira – Presidente do Sinmed RN

 

*Artigo publicado no Agora Jornal (Agora RN) dia 01/03/2018.

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