A vida boa – artigo de Geraldo Ferreira, publicado no Novo Jornal

01/06/2017

A vida boa – artigo de Geraldo Ferreira, publicado no Novo Jornal

01/06/2017

A vida boa – artigo de Geraldo Ferreira, publicado no Novo Jornal

A vida boa

 

Schopenhauer definia a Filosofia como a arte de encontrar o melhor caminho para o bem viver. O desaparecimento do conceito do que é a vida boa levou a uma devoção absoluta ao consumo e ao trabalho. Em seu livro Quanto é Suficiente, Robert Skidelsky e Edward Skidelsky discorrem sobre o viver bem, conceituando a vida boa como uma vida desejável, que vale a pena ser vivida, e corresponde às aspirações da maioria das pessoas em todo mundo e todas as épocas. Com as diferentes crenças e práticas morais, há uma tendência no liberalismo moderno de relativizar tudo e deixar ao indivíduo a autonomia das escolhas, mas por mais que a variedade moral exista, ela não tem a dimensão que se imagina. A forma de vida humana em todas as culturas incentivam uniões mais ou menos estáveis entre homens e mulheres para gerar filhos, embora os arranjos variem, os humanos vivem em grupos, que se estendem além da família, possuem alguma organização política, tem noções de propriedade e troca, envolvem-se em atividades que transcendem as necessidades, como religiosas, estéticas, recreativas, respeitam e admiram o mundo que os cerca, plantas, animais, cobrem os genitais, celebram o mundo em pintura, música, poesia, tratam os mortos com respeito e de forma ritualizada. Para a vida boa, um conjunto de bens básicos constitue o bem viver, as pessoas buscam saúde, segurança, relacionamentos de confiança e amor, respeito, autonomia. John Rawls, em Teoria da Justiça, acrescenta uma lista de bens primários que não são em si os elementos, mas meios para alcançar qualquer versão possível da vida boa, que incluem liberdades cívicas e políticas, renda, Riqueza, acesso a serviços públicos, fundamentos sociais do autorrespeito. Para comporem os elementos básicos da vida boa os bens precisam ser universais, estendidos por todo mundo, finais, bens em si e não meios, indispensáveis, que não estejam contidos em nenhum outro bem. Robert e Edward Skidelsky identificam sete bens  que se enquadram nessas características, saúde, segurança, respeito, personalidade ou autonomia, harmonia com a natureza, amizade ou sociabilidade e lazer. A Educação, Alimentação, Trabalho, Riqueza, são meios para se alcançar a vida boa. A função do Estado é criar condições materiais para que todos tenham uma vida boa. Só depois de atendidas as condições de vida, saúde e bem-estar o Estado poderá pensar em beleza, poder e grandeza. Não se podem sacrificar necessidades por luxos.

 *Artigo de Geraldo Ferreira publicado no Novo Jornal dia 31/05/2017

 

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